sexta-feira, 15 de junho de 2012

                      Homendigo se explica
ao bêbado:

"meu trabalho não é feito pro técnico
(o que armazena as palavras,
enfeita suas frases
e reduz seus ouvintes
e seleciona leitores
de acordo com o intelecto);
meu trabalho não é feito pro empresário
(o que sonega os impostos
e explora o empregado -
que compra um carro
e tv de plasma
e se põe satisfeito);
meu trabalho não é feito pro chefe
(o que se faz autoridade
falando alto
e quando chega na rua
vira a cara pro chão
pois passou a ser ´mais um`;
meu trabalho é feito
para os que precisam se rebelar.
é feito contra a desinformação.
portanto, se por aí se encaixarem,
podem levar.
não precisam pagar.
vamos trocar."

terça-feira, 21 de junho de 2011


vai caminhando e cantando
e levando contigo os desejos
soltando cada um deles
nas folhas da beira das calçadas
pisa cada parelelepípedo
como se fossem átomos do meu ser
e pode deixar pro universo
a força vitalizadora
que emana dos meus olhos infantis
vai e dorme lúcida, racional
enquanto observo o teu ir
com um sorriso nos lábios
e no canto da boca
um restinho do que um dia
entendi como um adeus

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010


ela bem sabe
o que vejo em seu olhar
de um brilho tão vivo;

ela bem sabe
e por isso olha
e me deixa inquieto;

eu que nunca escondi
em nenhum momento
o absurdo de viver,
desloquei meu coração
do peito afoito

e agora observo
o que paira no ar:

um leque de oportunidades.


segunda-feira, 1 de novembro de 2010


pra onde vai essa dor curtida

que agora se espatifa

entre as pedras

e gotas do rio?


onde vai se dissipar o sorriso

agora que as flores

resolveram não mais impor

o seu delicado perfume?


a caminhada fez bem porque fez despertar

(mesmo que em hora bem mais que imprópria),

queria apenas ter encontrado alguns cogumelos

pra terminar a história a dançar...


quinta-feira, 14 de outubro de 2010


deformei a cara boa que tinha o seu sorriso
(hoje pisado
somente pra mim)

e o espelho ontem me disse:
parabéns, imbecil,
você venceu.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010


Entrego o colar de lata
Ao amor de minha vida
E ela esquece por instantes
Das agruras de meu coração
Sempre só.
No céu surgem as imagens
Das estrelas brilhantes
De um vermelho bem vivo,
E eu, também vivo,
Escuto o sim que almejo
Desde tal dia esquecido
Pela bússola que sugou meu norte.


Do odor dos incensos,
Da poeira de fachada,
Da marca do instante
Fulgurou-se o enredo

Da noite fugidia, o raio
De estado imenso, o fogo
Da consciência alterada...
Estatelou-se ao solo morno

De carcomidas rosas
De tão pouco brilho,
Do sol não mais escravas:
Presenciou-se vivo.


Você me faz acreditar
Que esta maçã na minha cabeça
Jamais será alvejada
Por qualquer flecha envenenada.

Agradeço
E espero que possas me dar o delicioso prazer
De não te conhecer apenas virtualmente
Como já acontece com tanta gente,
Pois cheiros e sabores,
Formas, olhares, toques e versos
São degustados por mim com tanta euforia
Que somente ao vivo você vai poder compartilhar
E entender esta minha teoria
Que diz:
--- Distância? Só entre planetas!
Nesta nossa superfície dérmica de geléia
Os pedaços espalhados precisam da
Pangéia.


A distância é imprecisa,
O porto inseguro.
Um caminho que desaba
Quando os olhos, atrevidos,
Anseiam um olhar para trás.

Fatos que a memória teima rasgar
Do diário dos grandes acontecimentos,
De músculos contraídos pelo frio cortante,
Contas perdidas
De cálculos enigmáticos.

Doces teorias para lábios sedentos,
Angústias para sonolentos...
Pedidos de socorro
Em meio ao maremoto estonteante
De resguardadas proporções.

Posso ser eu, ele, você,
Misturando idéias num só corpo,
Um copo de esgoto,
Um prato de comida barata
Para o morto;

Satisfazendo nada nem ninguém
Com comentários inúteis,
Soturnos, patéticos,
Como as pálpebras
Que me guiam.


plante a planta

que ela em resposta

seus males espanta


segunda-feira, 9 de agosto de 2010


Ao toque cego do largo caminho de esferas suicidas
As bandeiras se atreveram a tremular, chiques,
Na mais notória e ambígua passagem de tempo
Jamais concebida ou imaginada nesta fértil panela,

De fundo onde os pés tocam num esmigalhar contido
Para não atrapalhar o sonolento que dorme e não sabe
Que dá água fervendo sua pele fugirá, em nervosos instantes
Não mais que pulsantes num norte sem bússola e reação,

Partindo sem ver que ao longe uma luz pisca
No reflexo que um olhar restaurou,
Acusando pedaços de concreto

De caírem na sua cabeça sem pedir,
Sendo um maior termo abstrato
A verdadeira causa da derrota.

quinta-feira, 8 de abril de 2010


vai
e leva contigo
todo o infinito
e restos de eternidade;

raspe das bordas
do poço sem fundo
todo o limo
da nossa espécie;

arranque das janelas
as bandeiras de pano
com as quais cobrias
as tuas verdades;

derrame sobre este mundo
as amarguras e tsunamis
surgidas ao acaso
em ações bem pensadas....

mas não leve as certezas
há muito esquecidas
nas pontes de pedra
no inverno umedecidas.

segunda-feira, 5 de abril de 2010


necessárias as oferendas,
burocráticas as vendas...

o estender da mão
e a troca
do dinheiro
pelo produto

(o cansaço imposto
pelas relações
assim criadas),

a espera pela tarde
onde o abraço
seja sincero,
sem cifrões
entre os seres.

a vida que de inútil
vem a tornar-se
morte,
na esquina
do tráfego
de horas
traficadas.

segunda-feira, 22 de março de 2010


hoje estamos entrando numa nova onda
escapando ilesos das tardes tardias
chegando perto do que quer que seja
estufando o peito e em frente seguindo

nestas macias vertentes nas quais o mergulho
de intensa profundidade se fez esquecido
o tempo que passa se escancara de um dia
pra noite extrema a cair do vazio

as trilhas de verde e as pedras antigas
são trechos do passado em que agora passeio
neste momento presente preparando o futuro
e tentando manter toda a mágoa ausente

mas se de repente me cair do cavalo
o sonho vivido por bem mais que instantes
ficarei feliz por tê-los vivido
sem bibêlos a enfeitar minhas estantes.

sexta-feira, 19 de março de 2010


um pouco de boa música...


domingo, 21 de fevereiro de 2010


SILE

a mendigarte o mel dos lábios,
a devolverte a farsa
na nova linguagem...

poderia apenas fechar os olhos,
mas entendo o quanto
isso seria ridículo.

preencho espaços
com meus suspiros
abertos

e bebo o chorume
dos dias de verão:
veremos.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010


o deslize pelo lado esquerdo,
mais deslizes pelo direito,
um debruçar tranquilo
sobre a mesa logo à minha frente;

cada curva um deleite,
cada traço um desejo,
cada passo um osso
pra morder...

caminha rente aos desejos,
cortando os laços para inaugurar
uma nova era de domínios
sobre um coração.

não mais o olho dentro do olho
mas um engolir braço a braço,
dentes e sopros
no ouvido são.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Esta é do Banksy...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Aquele instante
Muito mais que fulgurante
Perdeu-se no mais íntimo
Fechar de uma janela.


Sublime tentação
De outros beijos não dados,
Esquecidos pois vulgarizados
Na busca tecada pelo prazer.


No entrar e esquecer da porta aberta
Tudo se ouviu, a emoção sumiu
Numa silenciosa caravela de proa torta,


Seguindo um rumo tenso
Na vastidão salivar
Do teu profundo umbigo.



Não há mais sinceridade

Nas resoluções tomadas ao acaso;
Há uma preparação para um enfrentamento
Como se uma guerra iminente
Sobrevoasse o campo das idéias
Já quimicamente alteradas
Pelo pulverizante assassino
Matador de revoltas.

Não há mais vontade
De se encontrar caminhos sem atrasos;
Há, sim, trocadores de placas
Espalhados em pontos vitais
Para que os passos sejam influenciados
Por seus chefes,
Os mestres da antiga arte
Da submissão.

Não há mais cidades
Onde possamos correr cem metros rasos,
Sem que o azar nos faça cruzar
Com ladrões dispostos a arrancar
A liberdade, exclusiva de cada um,
De poder escolher a melhor forma
De matar um tempo
Que desde sempre só faz escravizar.

domingo, 29 de novembro de 2009


DE(U)SAPARECER


Embriões atados a molas insólitas de extasiados humanos,

Estranhos seres do asfalto repugnante

Que destroçam sem piedade instintos e caminhos

Por uma sombra que os protejam do sol.


No mais profundo dos contrastes,

(Engomado e olhando de lado)

Usufruí pela primeira vez do meu mundo ilusório

Admitindo a partir de então que não era d(D)eus,


Este d(D)eus do mundo de sonhos,

Sonhos castrados em segundos;

Este d(D)eus atrapalhado e pisado,

Desanimado e com vermes nos olhos.



NÃO QUERO FRASES FEITAS


Formulação da palavra.

A cabeça gira,

Palavras formarão frases.

De tanto girar,

Começam a sangrar.

Todos os orifícios faciais

Experimentam agora

A deliciosa sensação

De empíricas cachoeiras.


Um vulto torna a formulação da palavra

Algo assustador,

De forma que a cabeça girará

E da boca sairão frases

Formadas de palavras,

Todas cuspidas da mesma boca,

Transformando as paredes

Em belos quadros

Pincelados de vômito.


A loucura ignora a formulação da palavra

E a faz chorar,

Molhando as palavras mal formadas

Que estragam as frases

E causam aftas por toda a boca,

Até que surge um daqueles

Que manda sal nas feridas,

Para que dela brotem, por instantes,

Rosas de carne rosadas.


sexta-feira, 13 de novembro de 2009


O MENDIGO NO OUVIDO DO MENDIGO:


"Até onde me entendo

Até ontem me entendia;

Até tarde da noite

A espera que pulsou

(A espera pulsando),

As horas correndo

Ao encontro do que

Nem se sabia existir...


Ainda hoje me entendo:

O canalha,

O viciado,

Perdido,

Lacaio do sistema,

O mendigo

Pedinte

De sempre...


Amanha é o desafio

Do entendimento

De pelo menos o meu ser,

Aquele que me conduz

Entre estes bilhões que sou,

Entre estas montanhas sonhadas,

Entre estes ventos

Que resfriam o corpo."



... e o poeta disse ao outro, num bar em madureira:


"Um estampido tão perto assim, nem adianta disfarçar: a linha de tiro é logo ali. Logo ali entre os homens, mulheres, crianças e suas casas. A chegada do trabalho, a volta da escola, o tormento destes hospitais, a obscuridade sorridente dos seres humanos tão corajosos quanto medrosos. Mais um dia que se vai e estas balas espalhadas que sempre encontram alvos perdidos aceleram o meu desejo de buscar alguma paz daqui longe demais.

Queria ver o sol de um lugar mais amplo, namorar à luz da lua... Queria descobrir formas nas nuvens carregadas da bendita chuva com meus pés descalços a deslizar pela lama repleta de seres imaginados pelos instintos, libertos de suas algemas. Queria um mergulho nas águas do rio, a temperatura divina equilibrando minhas energias e a sensação de ser um glóbulo naquele sangue que escorre pelas veias expostas e ainda não destruídas daquela cadeia de montanhas.

Já fechei em mim alguns olhos cegos e reparti os restantes entre meus famintos versos e alguns instantes calados. Um pleno mistério esgueirou-se pelo muro que eu construía e num instante de fúria o que se encontrava de pé bateu com os joelhos no chão e tombou, cabeça no esgoto. Fechei para mim algumas portas e outras abri, menos mortas, que de morte já me basta aquela do futuro inesperado."


sexta-feira, 30 de outubro de 2009

por Ramon Aguirre
aguirreartesvisuais@yahoo.com.br

por Ramon Aguirre
(aguirreartesvisuais@yahoo.com.br

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

por Naaman
planetador@yahoo.com.br

segunda-feira, 28 de setembro de 2009


as falhas da vida foram mantidas

(intencionalidade real)
por uma estética não sóbria,
por qualquer coisa menos metódica.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

por Naaman
planetador@yahoo.com.br

por Naaman
planetador@yahoo.com.br

por Naaman
planetador@yahoo.com.br

por Ramon Aguirre
aguirreartesvisuais@yahoo.com.br



não é eterno

o que dura
nada dura
nem a eternidade


sexta-feira, 28 de agosto de 2009


TTFKYFL

quanta coisa se diz por dizer
e entre os quatro cantos de mundo
se faz por fazer

não queria ter mais do que tenho
apesar de tudo
apesar dos mares

tudo é oceano


quarta-feira, 23 de maio de 2007


monólogo ou diálogo não importa

quando não se sabe o que se espera
para além daquela estrada

quinta-feira, 5 de abril de 2007


reprodutores das balas perdidas,

mudos estúpidos...


vejo as estátuas mórbidas

e penso que quase
segui suas sombras;
ouço suas vozes secas
a repetirem sempre
as mesmas ladainhas;
sinto o aroma financeiro
que exala pútrefo
de sua arte direcionada;
tateio as ruas
observando os escombros
da poesia instintiva;
desisto do tempo
e mudo o meu rumo
e o rumo da prosa:

vou mendigarte.