Entrego o colar de lata Ao amor de minha vida E ela esquece por instantes Das agruras de meu coração Sempre só. No céu surgem as imagens Das estrelas brilhantes De um vermelho bem vivo, E eu, também vivo, Escuto o sim que almejo Desde tal dia esquecido Pela bússola que sugou meu norte.
Do odor dos incensos, Da poeira de fachada, Da marca do instante Fulgurou-se o enredo
Da noite fugidia, o raio De estado imenso, o fogo Da consciência alterada... Estatelou-se ao solo morno
De carcomidas rosas De tão pouco brilho, Do sol não mais escravas: Presenciou-se vivo.
Você me faz acreditar Que esta maçã na minha cabeça Jamais será alvejada Por qualquer flecha envenenada.
Agradeço E espero que possas me dar o delicioso prazer De não te conhecer apenas virtualmente Como já acontece com tanta gente, Pois cheiros e sabores, Formas, olhares, toques e versos São degustados por mim com tanta euforia Que somente ao vivo você vai poder compartilhar E entender esta minha teoria Que diz: --- Distância? Só entre planetas! Nesta nossa superfície dérmica de geléia Os pedaços espalhados precisam da Pangéia.
A distância é imprecisa, O porto inseguro. Um caminho que desaba Quando os olhos, atrevidos, Anseiam um olhar para trás.
Fatos que a memória teima rasgar Do diário dos grandes acontecimentos, De músculos contraídos pelo frio cortante, Contas perdidas De cálculos enigmáticos.
Doces teorias para lábios sedentos, Angústias para sonolentos... Pedidos de socorro Em meio ao maremoto estonteante De resguardadas proporções.
Posso ser eu, ele, você, Misturando idéias num só corpo, Um copo de esgoto, Um prato de comida barata Para o morto;
Satisfazendo nada nem ninguém Com comentários inúteis, Soturnos, patéticos, Como as pálpebras Que me guiam.